terça-feira, 10 de setembro de 2013

De bons roteiristas o inferno está cheio.



Me deram recentemente um conselho:" porque você não usa as suas desilusões para escrever aqueles seus textos tão legais?". 

Sabe o quanto é difícil estar com uma baita dor de cotovelo e não ficar tendenciosa a escrever um texto amargo e chato que ninguém quer ler? E eu sou péssima em seguir conselhos, dá-los também. No entanto lá vai um para você: pare de ler agora! Estamos correndo um grande risco de isso aqui sair amargo e chato.

Se está lendo ainda, segura esse mimimi aqui. 

Deixa eu te explicar de um jeito fácil: na minha cabeça eu escrevo roteiros imaginários fantásticos - Oh!!! Queixos se controlam para não cair! Algumas pessoas mais indignadas se perguntam "como ela é capaz?" - enfim, é sempre bom ilustrar o que se está dizendo né? Fica tão didático!  

Eu procuro sempre criar uma trama envolvente, com personagens complexos, falas inteligentes e engraçadas, o cenário muitas vezes não é tão importante, a trilha sonora sempre é adequada. E tudo o que as pessoas do mundo todo tem que fazer é segui-lo. Até aqui tudo certo. Simples né?

A regra é clara, mesmo que tenha sido eu quem a inventou e eu não tenho culpa de que a maioria das pessoas da minha vida, não sabem apreciar um bom roteiro. Elas teimam em não agir, falar e pensar como eu quero. Começo a pensar que os meus roteiros não sejam tão bons assim. Ninguém tem a bondade de contracenar comigo direito, nem para me agradar, nem para eu parar de encher o saco...é pedir muito? Sigam o meu roteiro!

E daí que eu sou super compreensiva, eu entendo. Eu sempre entendo! Eu irritantemente faço um esforço danado pra entender. Se o cara perde o emprego, é porque ele vai encontrar um bem melhor. Se você perdeu o ônibus, sem problemas, poderia ter acontecido um acidente com ele. Se seu "exfuturofracassado" quer ficar com a biscate (desculpem o termo!) e não com você, maravilha! É livramento dos bons! Eu costumava ser o tipo de pessoa que achava que tudo era conspiração do Universo, mas hoje em dia não. Estou tentando ser uma pessoa positiva e que não acredita em má sorte.

Então hoje depois de ser contrariada, de quase ter uma úlcera de raiva por mais uma vez o roteiro desandar, eu tive pensamentos terríveis. Eu mandei todos os pensamentos positivos para o espaço, junto com a minha inútil compreensão. Primeiro eu quis que alguém (um alguém específico) morresse, depois pensei melhor e achei que só quebrar uma perna acidentalmente era o suficiente e então eu deixei que um sentimento psicótico e histérico tomasse conta de mim. Eu criei frases super elaboradas e palavras tão grandes que eu não tenho nem coragem de reproduzir aqui. Ok, eu pareço bem assustadora agora!

Se coubesse nesse momento alguma visão positiva das coisas, seria que eu não teria que me preocupar com mais uma pessoa que não quer seguir meus roteiros. E agora eu pareço uma psicopata!

Antes que você me ache uma louca psicótica (espero não ser tarde demais...), eu devo dizer que na minha essência eu sou uma menina boa. Quero ir para o céu como toda menina boa deve ir e....tá, é mentira! Não acreditem em alguém com as pernas tão curtas quanto eu...

Um aparte no mimimi: é que sempre achei curioso essa história de ir para o céu. Quando eu era criança e fazia mal criação, tinha sempre alguém que dizia "Deus tá vendo". Eu ficava imaginando Deus em uma túnica azul e uma barba longa branca, brincando de abrir frestas entre as nuvens e nos espiar aqui na Terra. Eu ficava preocupada com isso, sobretudo quando eu ia tomar banho, mas logo pensava que o teto do banheiro dificultaria a visão (o que era uma besteira, já que eu sempre me comportava no banho, não haveria motivos para que Ele me vigiasse!). Por diversas vezes ao andar de avião, ainda mais nova, eu ficava procurando qualquer sinal de que Deus estivera por alí, ou que estivesse se escondendo atrás de alguma nuvem carregada, só para que eu não o visse. 

Agora, voltando ao meu surto... eu trabalhei o dia inteiro para tirar os tais pensamentos psicóticos do meu coração e eu acho que deu certo. Até me senti motivada no fim do dia a cantar uma bela canção (terminando por aqui, antes que meu roteiro vire um musical!). 

Só acho que a minha entrada no céu ainda não será permitida porque enchi a cara de tequila no sábado, com direito a dar vexame e trabalho para todos os presentes. Isso não estava no roteiro, mas o sagaz do José Cuervo roubou a cena e o meu fígado. 

Aviso aos que ainda estão interessados em participar do meu roteiro que a partir de hoje eu estou deixando todo mundo livre para performances mais improvisadas, não obrigarei ninguém a dançar e tão pouco cantar. Vou tentar não me frustrar tanto se a história não for a que eu quero, desde que seja surpreendente e claro, se rolar final feliz melhor ainda.

"Foco e fé" já dizia um grande amigo...é esse conselho que eu quero seguir!



4 comentários:

  1. Só queria dizer que eu ainda acredito que o teto do banheiro continua dificultando a visão... e acho que ele é muito poderoso... pois parece que é blindado. Pelo menos pra mim. Bjkas

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  2. Ducaralho Joyce! Otimo texto! O roteiro mais interessante é aquele que foge a regras claras e simples... e nada convencionais, pense nisso. ;)

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  3. Te juro q os meus roteiros não são nada convencionais hein? Rs! Deve ser daí a dificuldade de segui-los...vamos deixar as perfornances mais livres ne? Rs

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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