segunda-feira, 27 de abril de 2009

Meu mundinho às vezes despenca

"Decepção não mata, ensina a viver", escrevera um dia em minha agenda, a sábia Mariazinha, colega de escola da segunda série primária. E daí que ela falava miguxês e terminava com "te dolu miguxa"? As pessoas sábias correm o risco da pieguice. Certas coisas que ela escrevia (para mim e mais uma dezena de coleguinhas, exatamente igual!) faziam todo o sentido do mundo pra moi. Quanta verdade existia em "amizade é igual cristal, quando se quebra nunca mais é igual"! Nessa onda de escrever nas agendas eu gostava de me sentir profunda e citar Shakspeare: "Há mais mistérios entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia.", eu não tinha idéia do que isso significava aos 8 anos de idade, e ainda assim eu achava lindo.

Mas eu falava de decepção né? É tão fácil eu perder o foco quanto me decepcionar. Acontece com a maioria das pessoas que fantasiam demais. E atire a primeira pedra aquele que nunca na vida quis tanto uma coisa ou idealizou, criou cenas tão reais que elas se tornam verdade, pelo menos na sua cabeça, o que é pior. E se a realidade teima em aparecer, mostrando a língua e te chamando de bobona, você precisa odiar alguém, culpar alguém, faz birra, só porque as coisas não sairam como você havia imaginado. Eu ando reprovando fácil nessa matéria, eu teimo em não aprender, ando cada vez melhor na arte do "me lascar".

A minha decepção se estende facilmente às pessoas, acho que principalmente à elas. Minha primeira manifestação como cidadã por exemplo foi a maior decepção. Fiz meu título de eleitor aos 16 anos, empolgadíssima, porque eu queria votar no Lula, fazer valer meus direitos e me manifestar. Eu vibrei como se fosse final de copa do mundo quando ele tomou posse, e agora o governo dele tem sido decepcionante, não péssimo, mas decepcionante, sendo que eu imaginava uma porção de reformas políticas, fim das injustiças, desemprego e até mesmo da fome, mesmo na época sendo contra o "fome zero", ele fez o meu sangue de "companheira" se esvair fácil. Foi assim também quando eu quis muito ir ao show do Zeca Baleiro e só consegui vê-lo do nariz pra baixo, isso quando conseguia uma vaguinha entre uma planta e um cara que esbarrava em mim o tempo todo, e se eu olhava para ele com cara feia, ele me dava um sorrisinho e eu desviava o olhar antes que ele passasse à piscadinha, e pra piorar eu tive que suportar o Zeca cantando Odair José, sem reclamar e sem poder ir embora.

Longe de mim dizer que meus pais são motivo de decepção, muito pelo contrário, tenho um orgulho danado dos velhos, mas devo dizer que minha mãe me decepciona um pouco por torcer o nariz para desenhos animados e o bom e velho rock and roll, mais ainda quando ela vibra com big brother brasil. Meu pai também não escapou a esse sentimento, quando entre seus pertences eu encontrei um cd do Calcinha Preta, logo ele que me deixou de herança um apreço pela boa música. Foi assim também quando eu descobri que o meu primeiro amor era gay, e quando o meu amor platônico da minha vida toda preferiu umas das minhas melhores amigas a mim. Meu primeiro beijo então foi a coisa mais babada e decepcionante da minha vida, eu não sabia se ele beijava a minha boca ou o meu nariz, eu só sentia a gosma e aquele gosto de coca-cola que vinha da boca dele.

O campeão, recebendo o "prêmio decepção", é o engenheiro da casa nova, que por amor à vida abandonou a construção. A casa era um sonho lindo e dourado que se tornou o maior pesadelo. Ela mais parecia um navio à beira de um naufrágio, com toda aquela água vazando dos canos da parede da sala. Depois de muita "dança do vazamento", chiliques, ataques de nervos e praticamente acampar ao invés de morar, acho que finalmente começo do mês que vem nós nos mudamos pra valer.



Mas eu enrolei até agora para NÃO dizer a que vim. Minha covardia me decepciona eu sei. Meu mundo anda meio caidinho e não estar em minhas mãos dar uma levantadinha é mais decepcionante ainda. Acho que cair na real é uma das piores sensações que existem...necessária, mas terrível. Eu vivo fazendo o que não se deve, aposto muitas fichas nas pessoas, todas eu diria, ofereço a elas um lugar privilegiado, com direito à janelinhas brancas e vista para o mar, e eu não deveria ficar surpresa em perder, porque eu na verdade nem sei qual é o gostinho de ganhar. Se embaixo da ponte é suficiente para elas, eu deveria ir para praia sozinha, até fazer umas aulas de surfe quem sabe. Odeio ficar metafórica assim...me desculpem!


5 comentários:

  1. Vou te dar umas aulas.
    Não que eu não me decepcione com as pessoas... Isso acontece, claro, mas não dar tanto espaço já é um bom começo.

    Você é boa demais, Joycita.

    ;*

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  2. caalma coraçao.......vc sempre vai se decepcionar faça como eu um dia me cansei de me decepcionar desse dia em diante nao espero nada de ninguem apartie dai tudo e lucro

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  3. Olha Joyce!!! Cair na real é desagradavel, mas não é ruim! Viver de ilusão é fim.

    Ignorania e achar que alguma coisa vai dar certo fazendo do jeito errado.

    Cair na real faz parte, a gente vai para o chão. Mas é no chão que a gente se mostra forte pra levantar!!

    beijo Grandeee

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  4. Uhuhu se tem coisas que eu tenho nessa vida são falta de vergonha na cara e noção ehehe Acho justo que outras também não tenham. eheh Mas ae, decepção é normal... nao sei se deveria dizer pra vc esperar menos das pessoas, mas isso deixa a gente tão amargurada... continua do jeito que tá e live the moment... deve ser o melhor.

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