sexta-feira, 12 de junho de 2009

"Essa vai pro blog, hein?"

Casinhas típicas de Pirenópolis

Eu tenho com os feriados uma relação de amor e ódio. É ótimo por não ser um dia de trabalho, mas é péssimo porque alguém algum dia inventou que esses dias são reservados à pura diversão, com várias atividades programadas que requer muita energia, disposição e bom humor, os amigos e familiares te chamam para sair e tudo o que você quer é ser um bicho-do-mato, dormir até o meio dia, comer, ficar de pijama e pantufa, assitir a 47 filmes enquanto se afoga em sorvete, comer mais um pouco e voltar a dormir. Acreditem, e eu estaria feliz com isso, muito feliz!

Tudo correu como o (não) planejado até as 17h. Acordei tarde, fiquei de pijama, almocei lasanha (bem garfield!) e assisti à dois filmes: Violação de Privacidade com Robin Willians e Marley e eu pela segunda vez (que me fez chorar disfarçado para ninguém ver, como na primeira vez). Havia chegado à parte do sorvete, ou melhor dizendo, picolé. Resolvi que iria quebrar um pouco as regras, tomar um banho e tirar o pijama para ir até a sorveteria da esquina com o meu cunhado e a minha irmã. Mamãe pediu que passássemos na farmácia também, então pegar o carro seria conveniente. E já que estávamos de carro porque não um tour pela cidade? Lembrando a vocês que passear em Anápolis em pleno feriado é que nem piada ruim...bem sem graça.

Jorge, o meu cunhado-advogado-guia-turístico e maluco nas hora vagas e não vagas, nos levou a conhecer um bar da árvore em Anápolis City (é o nome do bairro mesmo, bem original né?), e descobrimos como chegar a várias partes da cidade por lugares nunca imaginados. A próxima parada era a farmácia. Mas me deu um rompante, um desejo súbito por churros, eu não conseguia pensar em outra coisa, lembrei à minha irmã que ela havia prometido fazer churros no final de semana. Eu não podia esperar até lá!

Seguimos em uma busca desesperada por carrinhos de churros. Pedi ao Jorge para ir à praça Bom Jesus, porque afinal de contas lá existem criancinhas, cachorrinhos, brinquedos de parque de diversão, então logicamente encontraríamos churros. Só tinha pipoca de bola rosa. Fiquei feliz também. Aproveitamos e fomos à farmácia que tem ali perto. Dentro do carro novamente, chegar em casa e colocar o pijama de novo me deixaria mais feliz. Foi então que meu cunhado começou a divagar e de repente estávamos em far far way, lá na Jaiara (praticamente outra cidade dentro de Anápolis e longe!).

Perguntei: "Vamos para o morro da Capuava?", meu cunhado: "Mais além". "Vamos para os confins da Jaiara? e ele "Mais além". "Pra base áerea então?", "Nananinanão, mais além". "Jorge já disse que você é doido? E isso é um elogio!".

Doido pra caramba. Estávamos na estrada rumo à Pirenópolis ao som de beach boys, Roy Orbison, Beatles e Paul Simon and Garfunkel! Desculpa para a viagem: comer churros e comprar um espelho com umas flores que pareciam ser feitas de latinhas de refri (que a minha mãe havia dito que conseguiria muito bem fazer em casa, ela própria, como o Jorge não queria que ela se cortasse tentando fazer a moldura do espelho, resolveu presenteá-la).


Trilha sonora de dar tchauzinho pra polícia.

O carro do meu cunhado que é um golf, mas eu jurava ser um gol até pouco tempo atrás (sou mesmo ligada nesse lance de carro!) tem teto solar e é super legal. Então eu e minha irmã nos sentimos a própria juventude transviada, tipo filme com James Dean, subimos e colocamos o tronco pra fora do teto solar cantando e fazendo dancinhas esquisitas, intercalando com gritinhos de "uuuuuuuu!" enquanto balançávamos os braços de um lado pro outro frenéticamente. Pode ter sido a anilina da pipoca rosa, ficamos loucos e ridículos!

Frases aleátorias saiam de mim gritadas tipo :"gente e se eu engolir um bicho?", "a minha pele vai descolar das bochechas!", "Olha! eu vou dar tchauzinho pro próximo carro que passar!". O próximo carro que passou tinha sirenes. "Ai não! É a polícia!" e me joguei no banco de trás. A minha irmã falava "agora você corre Jorge, vão fazer uma barreira pra gente quando chegarmos em Pirenópolis procurando a doida do tchauzinho!".

A polícia não viu a doida do tchauzinho, ou se viu deixou pra lá.

Entre risos e mais dancinhas, chegamos em Piri e fomos direto à loja do espelho. Eu percebi que a moça que nos atendia me olhava estranho, e eu imaginei que fosse por conta do meu cabelo que devia estar um auê de tanto vento. De repente quando estávamos indo embora, pude perceber em um dos espelhos da loja que eu parecia saída de uma tribo aborígene, estava com marcas rajadas de graxa por todo o braço, nos dois, bem pretas e contrastantes com a minha falta de melanina. A moça da loja disse "eu vi isso no seu braço e achei que eram tatuagens". De fato quase eram, fui ao banheiro lavar e não saiam de jeito nenhum. Eu pensei "ah! q se dane!". E continuamos passeando pela cidade daquele jeito mesmo. Uma voltinha pela feirinha da praça do coreto, um encontro com minha amiga Wesdra por acaso, descemos a rua da lazer e de repente o Jorge começa gritar "churros! churros! churros!". Deu até uma vergonhazinha disso, algumas pessoas olharam assustadas, mas nada que nos interrompesse naquele momento sublime. Enfim o delicioso churros, bem quentinho, aquele doce de leite, o açúcar, a canela...ai,ai! Tudo o que eu pensava era que ter tirado o pijama naquela tarde tinha valido totalmente a pena.

Fizemos um amiguinho de três anos de idade, o José Carlos, que com sua arma imaginária matava cada pessoa que passava, enquanto tentávamos convencê-lo de que ele tinha era que ser "paz e amor". Foi difícil convencê-lo, ainda mais quando ele vê descendo pela rua um hippie bem sujo, trôpego de tão bêbado, com um dread velho no cabelo. O menino diz "Monstro! Eu tenho medo!" Não dava pra não concordar. O hippie sentou ali perto e se enturmou logo com um cachorro, batendo um papo bem cabeça!

Seguimos pelas ruas da cidade e já que estávamos ali mesmo "Ah! vamos comer pizza!". Pizzaria Santa Dica, bem bonitinha, com bancos de madeira, ao ar livre, velas e tochas por todos os lados, sentamos no fundo para não pagar couvert artístico e ainda conseguimos convencer o garçom a dividir duas porções de spaguetti em três pratos, e isso era "contra as normas da casa!". Enquanto esperávamos a comida, relembrávamos a história do tchauzinho pra polícia, e pra ilustrar como eu havia feito, eu gesticulava com os braços pra cima, balançando de um lado pro outro fazendo "uuuuuu". Rimos mais um monte e de repente o garçom pára ao nosso lado e fica lá com aquela cara de paisagem, a Júlia diz "Sim?" e ele "ué, vocês que me chamaram, a moça ali fez "uuuuuuu"! e me imitava tal qual eu havia feito! Meu cunhado só diz "liga não ela é doida, olha só os braços dela!". A cena foi mais engraçada do que eu poderia suportar, tenho que dar o braço (manchado ou não) a torcer de que o "uuuuuu" do garçom foi muito melhor que o meu.

Chegamos em casa à tempo de pegar a sorveteria aberta e comprar os picolés, meio que para nos desculpar com a minha mãe pelo sumiço de quatro horas, sem explicação, sem celular e sem noção e caso ela tivesse chamado a polícia, ter alguma coisa pra servir pros guardas. Entramos com cuidado, espelho todo embrulhadinho, cantando parabéns pra você. Foi difícil convencer a minha mãe de que não estávamos bêbados (sem razão), porque além do aniversário dela ser em fevereiro, eu estava toda suja de graxa e descabelada, mas ela não ficou nem um pouco brava. Ficou tão feliz que não sabia se pendurava o espelho ou chupava o picolé, ou se chupava o espelho e pendurava o picolé.

O meu cunhado se despediu e disse "essa tem que ir pro blog, hein cunhada?"

É teve que vir!




7 comentários:

  1. Nossa, isso sim é que é fim de feriado :)

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  2. deu inveja mais e das boas bom final de semana e boas aventuras afinal o estranho e ser certo

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  3. Pipoca, lasanha, pizza, churros! Essa aventura toda me deu foi fome! ;o**

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  4. haha, isso é que eu chamo de mudança de planos.

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  5. eu quero levantar os bracinhos pra chamar o garçom em piri com vcs!!!
    próxima dessa manda uma mensagem que eu corro pra lá. ahaha sério mesmo.
    adoro.
    esse episódio deu pra imaginar, adoro a veracidade cômica do seu olhar pras circustâncias.
    Tem que roteirizar filmes, e storybordear tb.
    bjo
    p!

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